Qual é o âmbito da autoavaliação?
A Lei n.º 31/2002 de 20 de dezembro norteia os campos de análise da autoavaliação, assim como o quadro de referência utilizado pela Inspeção Geral da Educação e Ciência (IGEC) na sua atividade de avaliação externa das escolas.
No entanto, é necessário que exista clareza quanto ao que se pretende avaliar e quanto ao objetivo com que se avalia. Podemos começar por questionarmo-nos sobre a missão da nossa organização, e definidos os objetivos, devemo-nos preocupar com a sua avaliação (Projeto Educativo).
É fundamental uma autoavaliação contextualizada no espaço e no tempo, adaptada à dimensão educativa e à cultura de cada organização escolar.
Qual é a finalidade da autoavaliação?
A principal finalidade da autoavaliação é identificar os pontos fortes e as áreas de melhoria (diagnóstico organizacional), contribuindo para melhoria do desempenho e do funcionamento da organização escolar, com especial incidência na melhoria da aprendizagem dos alunos.
Quais são as etapas da autoavaliação?
- Enquadrar a autoavaliação no contexto organizacional;
- Planear a autoavaliação;
- Implementar a autoavaliação (ex: definir os indicadores, identificar evidências, aplicar questionários, entre outros);
- Analisar os resultados da autoavaliação;
- Tomar decisões identificando as ações de melhoria;
- Apresentar os resultados da autoavaliação (ex: Conselho Geral, pessoal docente, pessoal não docente, alunos…);
- Definir o Projeto de Ações de Melhoria;
- Integrar os resultados no planeamento estratégico da organização (ex: Projeto Educativo);
- Implementar as ações de melhoria e monitorizar;
- Rever o processo;
- Novo ciclo.
Quem participa na autoavaliação?
A autoavaliação implica a participação e o envolvimento de todos os elementos da comunidade educativa na construção de uma cultura da qualidade, visando a excelência do serviço educativo.
A equipa de autoavaliação deve ser representativa da organização?
A equipa de autoavaliação deverá ser, tanto quanto possível, representativa da organização escolar. O objetivo é criar uma equipa eficaz e simultaneamente apta a transmitir uma perspetiva exata e detalhada, quanto possível, da organização escolar.
A autoavaliação deve fazer parte dos documentos estruturantes?
É fundamental que as atividades e os resultados da autoavaliação sejam incorporados nos documentos estruturantes (ex: Projeto Educativo, Plano Anual Atividades…) fazendo parte integrante do processo de planificação e de tomada de decisão.
É necessário planear a autoavaliação?
Após a tomada de decisão de desenvolver um processo de autoavaliação, a organização deve iniciar o planeamento (definição do âmbito e finalidades da autoavaliação; constituição da equipa de autoavaliação; elaboração de um cronograma e elaboração do plano de comunicação). A flexibilidade do plano dependerá, sobretudo, das características da organização e das circunstâncias em que ocorrer o processo de autoavaliação.
Qual é o momento certo para realizar a autoavaliação?
É sempre o momento certo. Os períodos de turbulências e a escassez de recursos não nos devem impedir de refletir sobre as nossas práticas.
Quanto tempo demora realizar um diagnóstico organizacional?
A nossa experiência mostra que as organizações escolares despendem em média entre 8 a 10 meses para realizar um diagnóstico. Não é usual, mas neste caso existem muitas variáveis (calendário escolar, recursos materiais, financeiros e humanos…) que conduzem a este tempo moroso no processo. Contudo, já experienciámos exercícios de autoavaliação com a duração de 5 meses.
Não há uma duração ideal, depende exclusivamente do tipo de organização que realiza a autoavaliação.
Quais são as vantagens de ter um apoio externo?
A nossa experiência tem demonstrado a vantagem de ter um apoio externo.
Um modelo de desenvolvimento organizacional exige muito esforço, organização, formação e apoio. De facto, as organizações escolares têm demonstrado a necessidade de apoio técnico às equipas de autoavaliação, em formação sobre a autoavaliação e / ou ferramentas de qualidade e de acompanhamento ao longo do processo.
A comunicação é fundamental no processo de autoavaliação?
A autoavaliação não pode ser um ato isolado, mas uma ação de toda a organização e um processo transparente dado a conhecer a todos.
Deve ser planeada com antecedência e começar logo no início do processo de autoavaliação.
É salutar que a comunicação faça parte da cultura da organização escolar, pois a cultura funciona como um elemento de comunicação e consenso. Teremos um clima tanto mais favorável quanto melhor informados estiverem os atores educativos.
A comunicação é essencial em todas as fases do processo, desde os objetivos da autoavaliação, à comunicação dos seus resultados, à fase de implementação das ações de melhoria. Por outro lado, os exercícios de autoavaliação têm evidenciado falhas na comunicação que geralmente têm sido alvo das ações de melhoria.
Há decisões tomadas em função dos resultados de autoavaliação?
A auto-avaliação tem como objetivo suscitar a reflexão e o debate dentro da organização. Esta só tem sentido se puder ser utilizada pela gestão de topo para melhorar a atuação do sistema de ação no qual se insere. De facto, deve representar a própria rotina e fazer parte integrante do processo de planificação e de tomada de decisão.
Há um modelo universal de autoavaliação?
Não. Cada organização pode decidir o seu próprio caminho, desde que exista clareza quanto ao que se pretende avaliar e quanto ao objetivo com que se avalia.
O que é um Projeto de Ações de Melhoria (PAM)?
O PAM é um dos principais objetivos da autoavaliação e as ações que constam do projeto representam atividades fundamentais para o bom desempenho das pessoas e da própria organização.
O PAM resulta do relatório da autoavaliação, baseando-se, assim, em evidências e dados provenientes da própria organização. Este deve conduzir diretamente ao projeto de ações para melhorar o seu desempenho.
Concomitantemente, um número considerável de organizações escolares começou a apostar na implementação de Projetos de Ações a Sustentar (PAS) com o objetivo de preservar os pontos fortes identificados no diagnóstico, optimizando os processos existentes.
É necessário divulgar os resultados de autoavaliação?
Sem dúvida. A nossa experiência demonstra o quão essencial é a partilha de todas as fases do processo de autoavaliação com a comunidade educativa, principalmente os resultados de autoavaliação (a apresentação de resultados ao Conselho Geral é essencial).
Normalmente, as organizações escolares apresentam os resultados de autoavaliação numa reunião geral com o intuito de envolver a comunidade educativa na implementação das ações de melhoria.
Existem outros canais de comunicação, como por exemplo a página Web, folhetos, comunicação electrónica, entre outros.
Porquê partilhar as boas práticas?
Cada vez mais as organizações escolares sentem a necessidade de partilhar boas práticas. É reconhecida a vontade de dar a conhecer a outras organizações semelhantes as suas especificidades por forma a que todos aprendam uns com os outros.
É importante dar visibilidade ao que se faz bem e aprender com os outros, desenvolvendo dinâmicas de apoio à melhoria da qualidade do ensino.
A CAF é um modelo adequado para a autoavaliação?
A CAF (Common Assessment Framework) é uma importante ferramenta de autoavaliação promovida (e reconhecida) pela Comunidade Europeia como uma metodologia de Gestão pela Qualidade Total cujas particularidades (simplicidade, número de utilizadores e eficácia) a tornam adequada para uso em organizações escolares.
Permite, em simultâneo, identificar de forma estruturada as áreas onde a organização necessita de melhorar e os seus pontos fortes.
De facto, as organizações escolares têm considerado a CAF como um instrumento inultrapassável para os primeiros passos na área da qualidade e da melhoria do seu desempenho, cujo retorno se reflete numa organização desperta para a qualidade.
Como podemos adaptar a CAF ao contexto específico da nossa organização escolar?
Devido às especificidades do setor público foi criada uma versão da CAF para o setor da Educação – CAF & Education. Apesar de frutífero, é fundamental adaptar o modelo às especificidades da organização escolar (ex: indicadores de autoavaliação).
É possível articular a CAF com outras práticas de autoavaliação?
Sim. A CAF é um modelo abrangente e flexível que permite a articulação com outros pólos que desenvolvem processos avaliativos (devemos evitar a existência de processos avaliativos paralelos). Por vezes, são constituídos grupos autónomos que desenvolvem uma ação concertada na prossecução das metas definidas nos documentos estruturantes, com o objetivo de consolidar o projeto de autoavaliação enquanto instrumento de gestão do progresso da organização, numa perspetiva sistematizadora e articulada das diferentes práticas autoavaliativas.